Ainda nos dias atuais, o texto literário é utilizado em sala de aula como pretexto para o ensino de língua, na educação de surdos não é diferente. Este trabalho é um recorte do Projeto PIBIC/UFCG/CNPq (2017/2018) que teve como um dos objetivos analisar nos relatórios de estágio supervisionado da antiga Habilitação em Educação de Deficientes da Audiocomunicação (EDAC), como era trabalhada a literatura infantil nas turmas de alfabetização da Escola de Audiocomunicação de Campina Grande (EDAC), mais precisamente na década de 1990 do século passado. A referida Habilitação era ofertada aos(às) alunos(as) do curso de Pedagogia, da então Universidade Federal da Paraíba -campus II, na cidade de Campina Grande-PB. O período regulamentado para a pesquisa PIBIC/UFCG/CNPq (2017/2018) foi de 1971 a 1996, por compreender o período de reforma da LDB/1971 e a aprovação da atual em 1996. A EDAC foi criada no ano de 1983, com o intuito de servir como campo de estágio para os(as) futuros(as) pedagogos(as), e nesse sentido, promoveu o planejamento e prática docente, propiciando a abertura para o trabalhar educacional com os educandos surdos e, portanto, com a literatura infantil. A habilitação funcionou a partir de meados de 1983 e foi extinta no ano de 2009, atendendo às novas diretrizes para o curso de Pedagogia. A pesquisa, de base qualitativa, foi de cunho documental, assim, utilizamos para análise relatórios de estágio que se constituem como documentos históricos por serem os registros daquele momento de formação de professores na educação de surdos em Campina Grande, conforme (MALHEIROS,2011; BACELLAR, 2015). Os relatórios de estágio supervisionado analisados estão compreendidos entre os anos de 1994 a 1996, pois estes continham em seus planos de aula a abordagem de textos de literatura infantil. Ao todo foram seis relatórios identificados no arquivo da antiga Habilitação em EDAC, no ambiente do recém criado Grupo de estudos e pesquisas em educação de surdos. Como resultados pudemos identificar nos relatórios analisados duas questões que nos interessaram discutir. Na primeira, relacionada aos planejamentos das aulas, discutimos o lugar da literatura infantil na educação de crianças surdas quando os textos de literatura infantil são utilizados como pretexto para o ensino de língua portuguesa. Na segunda, referente a espaço de formação específico para professores(as) trabalharem com surdos, refletimos sobre as repercussões da ausência desse tipo de formação não mais existente na atualidade. Nossas conclusões seguem na direção de que apesar de a abordagem e estudo do texto literário ser pragmática, a experiência e contato com os livros de literatura foram para as crianças surdas da época, talvez, a única possibilidade de acesso a esses textos, tornando de expresso valor seu trabalho naquele momento.