Entre os séculos XIX e XX a sociedade brasileira dá início à produção/circulação de obras literárias destinadas ao público infantil. Essas narrativas estabeleciam um diálogo com as crianças e procuravam “prepará-las” para o momento de transição de uma sociedade tipicamente rural para um mundo urbanizado, com o advento da globalização. Tal atividade recebe um auxílio considerável do ambiente escolar. Nesse sentido, a leitura era concebida como atividade imprescindível para a formação escolar e para a construção da cidadania. Na busca de incutir nas crianças um sentimento patriótico, algumas obras apresentam a população e o espaço brasileiro de maneira idealizada, vistos como perfeitos e harmoniosos, dignos de admiração e amor de seus habitantes. É o que ocorre, já no século XXI, na obra Tampinha (2003), de Ângela Lago, em que se apresentam as peripécias de uma menina do interior do Brasil que, em total sintonia com a natureza, o povo e a tradição nacional, configura a imagem da vivência feliz do sentimento de nacionalidade. Nesse sentido, objetivamos fazer uma leitura das possíveis questões/questionamentos que esta narrativa apresenta, observando o que ela traz de ruptura e continuidade com os valores tradicionais da família, dos sujeitos e da sociedade. Destarte, refletiremos sobre a importância do contato com o texto literário na infância/adolescência, dentro e fora do ambiente escolar.