RESUMO
Embora as questões de gênero se enquadrem nos estudos recentes dentre os temas de maior repercussão na sociedade contemporânea, é importante considerar que tais motivações têm origem na Revolução Francesa, desde a combativa Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã escrita por Olympe de Gouges (1791), quando a importância da Mulher e a Igualdade de Direitos já era um sonho que ecoava na alma feminina. O século XIX marcou a alma feminina com a marca da submissão e da inferioridade ao masculino, deixando-as sem o direito de ler, escrever, estudar, guerrear ou de escolhas. Aquela sociedade patriarcal, sexista e machista, destinava à mulher a incumbência dos afazeres domésticos e à educação dos filhos, visto que a educação recebida lhes adestrava para ajudar suas mães, constituir família e providenciar herdeiros. Além dos direitos negados e subtraídos, impositivamente, não trabalhavam fora de casa, nem tão pouco participavam da política e da econômica do país, ideia que foi desconstruída a partir da Revolução Industrial, com a inserção das Mulheres nas fábricas, participando ativamente da vida econômica do país. Contudo, a possibilidade de estudo de gênero surgiu a partir do Segundo Sexo (1949) da filosofa francesa Simone de Beauvoir que, com tal feito, conquistou a patente de representante do Feminismo Mundial. Assim, embora o século XIX tenha representado um marco na história do Feminismo Mundial, o diálogo acerca dos conceitos e das teorias de gênero, nas culturas ocidentais, o feminismo alcançou visibilidade no século XX. Dadas às implicações sócio históricas, políticas e culturas as quais a insuficiente discussão acerca de gênero tem trazido ao cenário mundial, é imprescindível que a mesma possa figurar dentre as principais discussões atuais, e que seja ampliada a partir de sua inserção, no maior número possível, de espaços sociais, legitimados ou não. Trata-se de uma pesquisa mista, de cunho qualitativo e pretende promover uma discussão a partir das relações de gênero presentes no poema Aviso da Lua que Menstrua (1992) de Elisa Lucinda, enfatizando as imagens do feminino/masculino, a saber, o contexto de sua produção, e a forma como o eu lírico se autorrepresenta frente ao diálogo com o masculino, em contraponto ao modo como se percebe, quando socialmente representado, a partir das afirmações feitas ao longo do poema. Para tanto, tal análise partirá do diálogo entre a obra já mencionada, as concepções teóricas acerca da Criação Literária, as Teorias de Gênero e as Teorias Críticas Feministas. Com isto, pretende-se contribuir com a inserção das discussões de gênero, em sala de aula, a partir da apreciação/análise de textos literários, neste caso em especial do poema, no qual se registre a convivência e ou o diálogo entre os sujeitos nas relações de gênero entre personagens femininas e masculinas, contribuindo com os estudos e pesquisas acerca do tema.