A obra literária de Ziraldo, voltada para crianças, é considerada uma das mais consistentes de nossa literatura infantil. Livros como Flicts, O Menino Maluquinho, A bela borboleta, dentre inúmeros outros, se destacam pela ludicidade da linguagem, pelo diálogo texto versus imagem e pela abordagem bem humorada de temas. Sobretudo nos últimos anos, além da permanência da criação de obras de valor estético, observa-se que o autor passa também a produzir livros em que o caráter de ensinamento ganha espaço em sua produção. Nesta comunicação faremos um estudo comparativo entre duas obras do autor que ostentam estas diferentes perspectivas. Serão observados a linguagem das obras e os diferentes discursos que elas veiculam, visando apontar a diferença entre uma perspectiva artística posta no texto e uma perspectiva mais pragmática. Os livros analisados serão Maluquinho por festas e Almanaque do Maluquinho – Pra que dinheiro? Fundamentamo-nos, para a análise, nas reflexões de Perrotti (1986) sobre o utilitarismo que está presente em inúmeras obras consideradas literárias quando, no entanto, deveriam ser classificadas como meramente paradidáticas, segundo a definição de Azevedo (1999). Também nos apoiaremos nas reflexões de Cademartori (1987) quando aponta o que seria o peculiar a uma obra literária.