O CLONE E A TEORIA DA MONSTRUOSIDADE
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Já na película "A ilha" (The Island, de Michael Bay, 2005) a venda de clones por uma grande corporação – comercializados como um tipo especial de seguro de vida – constitui crime contra as leis de eugenia do futuro e levanta perguntas sobre o relativismo moral que o humano pode assumir para viver/sobreviver. No futuro sombrio do romance de Kazuo Ishiguro, "Não me abandone jamais", publicado em 2005, clones são considerados corpos vazios, destituídos de subjetividade – criados e mantidos por um programa estatal, de amparo legal, servem somente à reposição de órgãos, medida que revela a naturalização de uma ordem bárbara pela própria força civilizatória. Nesses três casos está presente o mesmo esvaziamento da humanidade, a mesma coisificação dos seres, o que implica uma acepção do clone de forma dupla: adjetiva (monstruoso) e substantiva (monstro). 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