Elevada a categoria de doenças negligenciadas em países tropicais e subtropicais pela OMS, os acidentes ofídicos até então consistem em um problema quando considerado sua terapêutica, uma vez que o único produto disponível e que apresenta eficácia são os antivenenos produzidos em modelos animais. Os antivenenos empregados na terapêutica em casos de ofidismo são compostos por anticorpos obtidos de processos de imunização para obtenção de F(ab’)2 ou IgG (precipitação de ácido caprílico). Porém, este produto apresenta uma deficiência que consiste na sua especificidade, onde um antiveneno eficaz para o tratamento de acidentes por uma espécie em uma região pode não apresentar o mesmo efeito contra o veneno de outra espécie. Dessa forma, o presente estudo objetivou explorar o conhecimento atual para eficácia de antivenenos produzidos por industrias da América Latina frente ao veneno de espécies de interesse clínico. Verificou-se nos estudos selecionados que antivenenos apresentam diferentes potenciais de neutralização para atividades hemorrágica, letal, desfibrinogênica e coagulante. Para o Brasil, o antiveneno apresentou deficiência na neutralização de algumas atividades do veneno da serpente Bothrops leucurus, uma espécie de grande interesse clínico para o Nordeste do Brasil. Dessa forma, antivenenos apresentam um perfil neutralizante e reatividade cruzada com variações quanto a dose efetiva para neutralizar a atividade tóxica conforme a espécie e atividade tóxica do veneno de espécies de Bothrops. No entanto, os estudos presentes na literatura se concentram em apenas algumas espécies, havendo a necessidade da abrangência de outras.