O presente trabalho tem como finalidade problematizar a emergência de infâncias queer e contribuir à discussão da criança como corpo que destoa e bagunça as normas de gênero e sexualidade e os movimentos curriculares dentro da escola. Nosso problema é: Quais desafios curriculares são trazidos por um corpo infantil considerado “afeminado” ou “masculinizado”? Em diálogo com a escrita de Michel Foucault, problematizamos a visão de infância enquanto temporalidade humana marcada por aspectos biológicos circunscritos dentro do território social em que se cristaliza a imagem da criança como ser universal, a-histórico e sobretudo, sem sexualidade. Justificamos a importância deste artigo por investigar as questões de gênero e sexualidade dentro do âmbito educacional, local no qual se manifesta preconceitos e tabus em relação à temática, reforçando as discriminações. Nesse sentido, discutimos, também, relações de poder no “chão da escola”, vez que a presença de uma “criança queer” mostra-se transgressora aos padrões da sala de aula no tocante à manifestação de gênero e sexualidade dissidentes, personificando uma resistência aos mecanismos de controle dessa sociedade dicotòmica. Optamos, como caminho metodológico, pelo relato de experiência conjugado com uma pesquisa bibliográfica, tendo como embasamento as teorias curriculares pós-críticas, com Tomaz Tadeu da Silva, e a teoria queer, de Judith Butler. No campo da educação, entendemos haver diálogo entre a teoria queer e a educação por pedagogias e currículos para além dos binarismos como pensado por Guacira Lopes Louro. São sexualidades entrecruzadas, interseccionalizadas com classe, gênero, origem, raça, etc. Os resultados da pesquisa evidenciam discursividades desafiadoras nesses corpos, infâncias que escapam aos padrões dicotômicos e desafiam atualizações no currículo escolar do ensino fundamental e formação pedagógica que contemple discussões em pluralidades culturais, sexuais, sociais. Nossas considerações finais apontam para a emergência do aprofundamento na investigação dessa temática e na inclusão de “infâncias queer” nos debates curriculares, educacionais, populares e acadêmicos.