Partindo de uma visão textual crítica do termo ideologia como uma forma de alienação caracterizada pelo convencimento e persuasão, pode-se afirmar que há em um texto marcas ideológicas que influenciam seu leitor em favor de determinados fins propostos pelo autor. Diante disso, este trabalho propõe uma análise crítica da Carta de Pero Vaz de Caminha, canonizada como sendo a primeira expressão de literatura brasileira, questionando os interesses e objetivos do autor, além de fazer objeção ao fato de um texto de gênero informativo ter se constituído e consagrado como texto literário. A discussão tem o aporte teórico de Chaui (1985), Kothe (1997) e Proença Filho (1997), à luz dos quais analisamos a influência da ideologia no texto e na literatura, a qual é capaz de instigar de alguma forma a visão do leitor ao observar a realidade dos fatos descritos em prol de determinados fins propostos. Consideramos, portanto, que a intenção e o propósito de Pero Vaz ao redigir sua carta envolvem interesses econômicos e colonizadores ligados à Portugal e à cultura eurocêntrica, o que acarreta uma ideologia imbuída ao decorrer de sua descrição.