Dado o caráter constitutivo da argumentação nos mais diversos modos de comunicação, no espaço escolar convém investigar sua presença, dar ouvidos à criança e perceber como ela dialoga no processo de ensino, especificamente no tocando à oralidade. Partindo desse pressuposto, objetivamos analisar aspectos do processo argumentativo mobilizados durante o reconto de histórias infantis por alunos de anos iniciais do Ensino Fundamental, buscando compreender como a criança argumenta e (re)constrói as narrativas e o papel do mediador/auditório imediato nesse processo. Para tanto, compartilhamos dos apanhados teóricos de autores da argumentação: Perelman e Tyteca (1996); Reboul (2004); Abreu (2006) e da oralidade nos apoiaremos nos estudos de Belintane (2006, 2013). Para a efetivação deste trabalho, utilizamos como corpus dois recontos da lenda africana Jabulani e o Leão, de alunos do 3º ano do ensino fundamental, de uma Escola Municipal, do interior do estado do Rio Grande do Norte. Pudemos observar que em seus recontos os alunos fizeram uso de argumentos como: argumento da incompatibilidade, da retorsão e argumento pragmático. Os recursos de presença utilizados pelos informantes dizem respeito à presença de novos personagens, suspenses enquanto recontam e elementos estruturais já conhecidos dos contos de fadas para iniciar e finalizar a história. O estudo com os recontos nos mostrou como a argumentação perpassa a construção de sentidos na oralidade de crianças em processo de alfabetização e, ainda, como a mediação é importante, ou seja, o diálogo com o orador, no processo de ensino aprendizagem.