O presente trabalho visa elucidar alguns pontos acerca da educação emocional, sobretudo do papel do educador como mediador das emoções de seus educandos. Trata-se de um trabalho qualitativo e investigativo que se propôs buscar correlações entre a figura do educador e a do psicoterapeuta, abrangendo seus aspectos emocionais. Será ressaltado como, nesse processo, o educador assume uma postura análoga à do psicoterapeuta em um setting terapêutico, construindo, assim, uma relação dialógica com o educando. Nessa relação, entram em contato dois sistemas psíquicos que dialogarão, se tocarão e se transformarão. Será adotado um viés analítico, juntamente de outro, fenomenológico, para que a relação educador-educando seja compreendida de maneira abrangente e, na medida do possível, totalizadora. Apoiando-nos em autores como Martin Buber e Carl Gustav Jung, analisaremos o contexto interacional do educador e do educando, relacionando este último à figura mitológica e arquetípica de Quíron, o curador ferido. Na mitologia, trata-se de uma criatura com sabedoria e capacidade de cuidar das feridas e enfermidades de todos, exceto da sua, que é, de fato, irreversivelmente mortal. Explicaremos, em seguida, a razão de considerarmos o educador como emocionalmente ferido, alegando a importância deste último fato no processo de mediação e construção da educação emocional deste com seus educandos. Serão abordados conceitos como a interação fenomenológica do Eu-Tu e a relação arquetípica, ambos relacionados à capacidade de situar educador e educando numa relação de verdadeiro aprendizado das emoções, ultrapassando o saber instrumental e alcançando a premissa de que, para ensinar e aprender, é necessário sentir. Ao concluir o trabalho, mostraremos como o educador manifesta-se enquanto figura teoricamente capaz de assumir essa postura arquetípica ao construir sua relação com o educando, atuando, graças às suas próprias feridas, como facilitador emocional.