O objetivo desta comunicação é apresentar uma experiência de ensino-pesquisa que venho desenvolvendo nos últimos anos nas aulas dos componentes curriculares História da África e Laboratório de Ensino de História na Universidade do Estado da Bahia (DCH VI, Caetité-BA), e na execução do projeto de pesquisa Leituras de África e da Diáspora: Explorando perspectivas para o uso da Literatura na Pesquisa e no Ensino de História, associado ao Núcleo de História Social e Práticas de Ensino (NHIPE). O ponto de partida é a constatação dos silêncios a respeito da história da África e dos africanos no Brasil, onde o continente africano e sua imensa diversidade de povos ocuparam por muito tempo o lugar da ausência no currículo da educação brasileira. Ou pior, quando apareciam, eram alvos de abordagens limitadas e simplistas que construíam ou reforçavam estereótipos vigentes. Como nos chama a atenção Edward Said em relação aos processos coloniais modernos, em todo lugar fora da Europa onde chegou o europeu algum tipo de resistência foi forjado. Dessa maneira, se por um lado a literatura foi fundamental para a construção das atitudes, referências e experiências imperiais, por outro lado, também se revela fundamental na construção narrativa das resistências, especialmente, no momento em que servem de forma para os povos colonizados afirmarem suas identidades e contarem histórias próprias. Nesta experiência de ensino a literatura africana é tomada como fonte de pesquisa histórica, como obra de arte, conhecimento e cultura, capaz de proporcionar interesses, prazer e proveitos, bem como, ampliar nosso entendimento das sociedades onde emergiram.