Este artigo resulta de algumas reflexões acerca do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, baseadas na análise do perfil dos participantes (2009 – 2017) - o chamado Novo ENEM, em aspectos de sua trajetória como política e avaliação, e nos discursos sobre os objetivos e possíveis rumos das próximas edições do exame. Buscamos contribuir com a discussão de que o ENEM é um dos principais instrumentos de “diagnóstico” e de política curricular dessa etapa da educação básica, além da principal forma de acesso ao Ensino Superior no Brasil. O estudo está pautado metodologicamente na análise de fontes documentais oficiais que dialogam entre si, em teses e hipóteses de pesquisadores, e em dados extraídos dos relatórios publicados pelo MEC/INEP. Percebemos que a mudança no perfil do exame após a reformulação de 2009 e sua articulação ao Sistema de Seleção Unificada - SISU passou a atrair um número muito maior de candidatos, e que o aumento progressivo do número de inscritos no SISU acompanhando a oferta de vagas e de IES que adotaram o ENEM como processo seletivo fortaleceu a tendência dessa avaliação como instrumento para o ingresso no Ensino Superior, pois ao analisarmos a escolaridade dos participantes constatamos que o exame vem sendo mais utilizado como forma de acesso ao Ensino Superior do que como avaliação do Ensino Médio. Evidenciamos um cenário de grandes mudanças nos aspectos teóricos e metodológicos do ENEM, bem como nos seus objetivos, finalidades, e consequentemente no perfil dos candidatos nas próximas edições, sobretudo a partir da intrínseca relação que o exame terá com a Base Nacional Comum, como afirma o MEC em suas recentes publicações, e com a implantação do chamado Novo Ensino Médio a partir de 2019.