Vinte anos de prática e reflexão sobre o ensino de literatura desenvolvido no âmbito do curso de Letras do Centro de Estudos Superiores de Balsas – CESBA/UEMA e no Ensino Médio da rede estadual do Maranhão, resultaram em um grande desejo de investigar o modo pelo qual os alunos egressos, agora professores de língua e literatura de escolas públicas e particulares do município e também outros profissionais oriundos de outras instituições de ensino superior desenvolvem o trabalho com a literatura em sua prática cotidiana. No entanto, ao mesmo tempo que se delineava o objeto da pesquisa: o ensino da literatura no município de Balsas, notou-se a necessidade da seleção de alunos do curso de Letras, departamento ao qual se vincula tal pesquisa, para colaborarem com a pesquisa, exercendo, assim, a função de bolsistas de iniciação científica, atuando juntos às escolas, no trabalho de pesquisa de campo, coleta de dados, interpretação dos dados, etc. A escolha foi realizada tendo como critério inicial alunos que demonstraram facilidade com a expressão escrita, que soubessem utilizar a concordância, acentuação e ortografia de forma satisfatória. Partindo desse princípio, optou-se pela escolha de alunos que já tivessem realizado pelo menos a metade do curso de Letras que, na época, correspondia a 2 (dois) anos. Essa primeira etapa da pesquisa nos revelou muito acerca do panorama do processo de ensino-aprendizagem da literatura em nosso município, realidade que não se diferencia da encontrada em todo o país. No entanto, percebeu-se, ao longo da pesquisa, dados que chamaram a atenção dos professores do grupo: o amadurecimento intelectual e emocional dos acadêmicos envolvidos na pesquisa. Assim, percebeu-se que os jovens pesquisadores perderam o medo da leitura e a cada nova leitura proposta demonstravam mais dispostos a debater o assunto e relacionar suas próprias experiências de vida. O grupo da coordenação passou a limitar o tempo das discussões, uma vez que todos os pontos geravam mais questões e os bolsistas demonstravam interesse em cada uma das questões. Observou-se também que os alunos de iniciação científica passaram a se apropriar da pesquisa. Não tratavam mais como uma pesquisa do departamento ou da Universidade, mas como uma pesquisa deles e de todo o grupo. Outra questão que foi notada pelos coordenadores foi que, inicialmente, os professores direcionavam os bolsistas acerca dos passos que deveriam seguir no andamento da pesquisa e, aos poucos, notou-se que os acadêmicos passaram a sugerir atividades juntos às escolas e até mesmo, passaram a sugerir a possibilidade de realização de determinadas leituras, presentes como indicações nas leituras já realizadas. Assim, passou-se a realizar uma meta-pesquisa que trata o Programa de iniciação científica como um recurso de formação pedagógica e que pode desenvolver emocional e intelectualmente o acadêmico nas licenciaturas, estimulando seu protagonismo social.