A mídia é protagonista central no processo de construção, manifestação e circulação de discursos (e dos valores que deles decorrem) sobre um corpo magro, saudável e belo. Ao veicular uma representação de corpo e sexualidade, a mídia influencia na formação da identidade de crianças e jovens (FELIPE, 2013). Considerando essa realidade, este artigo objetiva descrever a influência que o discurso midiático acerca do sexismo tem sobre as crianças e as repercussões desse discurso no ambiente escolar. O estudo descreve e analisa cenas retiradas de uma observação feita na sala de aula e no recreio de uma escola pública municipal, situada na cidade de João Pessoa-PB. Nossa metodologia de pesquisa está embasada em uma abordagem etnográfica, que proporciona uma visão holística da cultura, além de introduzir os sujeitos participantes de forma ativa e dinâmica. A etnografia tem uma preocupação em obter uma descrição densa sobre como se organiza um grupo particular de pessoas, tanto no que diz respeito ao que esse grupo faz quanto nas perspectivas imediatas que eles têm do que fazem (MATTOS, 2011). Para tanto, fizemos um diálogo com Engels (2000) e Le Breton (2007) para entendermos como esse caminho foi percorrido e como compreendemos a nossa relação com o corpo. Dialogamos ainda com Smigay (2002) sobre a noção de sexismo, entendendo este como uma posição de desprezo e opressão de um sexo para com o outro. Por vivermos em uma sociedade falocrática, o sexo menosprezado e oprimido remete ao feminino. A partir da nossa observação, verificamos que cada vez mais as crianças buscam ter corpos iguais aos que são apresentados pelo discurso da mídia, dentro de um processo de constituição de identidade calcado na obtenção e exposição do corpo perfeito que, ao mesmo tempo em que nos singulariza nos diferencia dos outros.