Esse artigo tem como objetivo discutir as apreciações que professores alfabetizadores de dois municípios cearenses fazem acerca das propostas de formação do PAIC (Programa de Alfabetização na Idade Certa) para o ensino da leitura e escrita nos anos iniciais do ensino fundamental. Embasaremos essa discussão na perspectiva do alfabetizar letrando, a qual norteia as proposições apresentadas pelo PAIC e sobre a qual discorreremos, na sequência, enfocando suas principais diretrizes. A metodologia empregada neste trabalho é baseada na perspectiva de uma pesquisa qualitativa de cunho exploratório, visto que buscou expor o modo como professores alfabetizadores de dois municípios cearenses percebem a proposta de formação do PAIC para o ensino da leitura e escrita a estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental. Os resultados obtidos por esta investigação compõem o escopo para uma reflexão acerca das políticas educacionais do PAIC e possíveis incrementos na qualidade do ensino. Por fim, conclui-se que, a partir disso, que ainda padecemos na escola de uma certa disciplinarização dos conteúdos, especialmente daqueles relativos aos usos da linguagem, os quais ficam restritos à disciplina de língua portuguesa. O processo de alfabetização de nossas crianças pode continuar se distanciando da apropriação dos letramentos sociais, indiciando, assim, um certo “desperdício” de investimentos em programas como o PAIC, já que suas finalidades não estão sendo alcançadas pela ausência de um acompanhamento maior aos docentes de melhoria de suas condições de trabalho.