Introdução: é inegável o amplo avanço no campo teórico da educação nas últimas décadas, porém, seus efeitos na realidade brasileira ainda não geraram mudanças significativas. Ao ler pesquisas na área e conhecer o cotidiano encontra-se um cenário no qual professores expressam desilusão, apatia e desânimo, altas taxas de evasão, repetição, escassez de recursos, problemas de aprendizagem. Tal conjuntura corrobora o surgimento e a manutenção do fenômeno denominado “fracasso escolar”, problema emergente na educação brasileira. Discutir sucesso ou fracasso escolar é algo de altíssima complexidade, existe uma gama de fatores que intervêm, por isso, é de suma importância a investigação da temática. Metodologia: pesquisa de campo realizada com cinco docentes do Ensino Fundamental I e/ou II, sendo três da rede pública e dois da rede privada, nas cidades de João Pessoa e Santa Rita (Paraíba). Realizaram-se entrevistas semiestruturadas com um esquema básico de seis questões. Os professores responderam a perguntas sobre como compreendem o fracasso escolar, como agem quando se deparam com o problema e as possíveis contribuições do psicólogo educacional. Resultados e discussão: no discurso dos professores entrevistados notou-se certo grau de inquietação ao tratar do assunto do fracasso escolar. Ao serem questionados sobre o significado do termo, suas respostas trouxeram indícios de preocupação, impotência pessoal e busca por culpados. Dois professores culpabilizaram o aluno e suas dificuldades, outro culpabilizou os profissionais da educação e os demais compreenderam o fenômeno de maneira mais ampla. Citaram diversas causas: irresponsabilidade do Estado, má formação profissional, desmotivação, baixa remuneração e omissão familiar. Apesar de nenhuma das cinco escolas em questão disporem de um psicólogo, todos entrevistados reconheceram a importância desse profissional no enfrentamento de problemáticas como o fracasso escolar. Historicamente, a psicologia tradicional corroborou com a pedagogia da exclusão ao classificar e rotular as pessoas, selando seus destinos e justificando as desigualdades sociais, porém, a psicologia educacional na atualidade compreende que a complexidade do fracasso escolar é alta, vai além dos muros da escola, passa pela desigualdade social. Diante disso, a práxis do psicólogo propende, dentre outros fins, evitar a patologização dos indivíduos. Conclusões: é de suma importância a investigação da temática do fracasso escolar e a reflexão das contribuições da psicologia educacional. O profissional da psicologia nas escolas vai atuar de maneira conjunta, relacional e preventiva, pela reflexão do processo educacional de uma escola imersa na lógica de uma sociedade excludente, sob o olhar da psicologia; promovendo o cuidado com a saúde psíquica e valorizando a participação dos professores e demais atores escolares.