O presente estudo constitui-se em função dos atravessamentos que perpassam questões ligadas ao gênero, à infância e ao ambiente escolar. A fim de contextualizar as interferências que tais eixos temáticos causam mutuamente, recorre-se aqui a uma breve historicização dos percursos de institucionalização da criança e da mulher, para, então, compreender determinados mecanismos e processos sociais baseados na generificação do sujeito infantil. Por último, analisa-se criticamente a construção discursiva da Escola de Princesas como espaço de materialização de lições heteronormativas. Para discutir o papel da escola na elaboração identitária do sujeito, a construção sociológica da infância e a identidade de gênero, discursos pedagogizantes e a produção de identidades heteronormatizadas, este estudo, através de um direcionamento epistemológico pós-crítico, baseia-se na perspectiva defendida por Finco (2008), que considera a infância como construção social indissociável de outras categorias analíticas, como classe social, sexo ou pertencimento étnico; nos pilares da Metodologia da Pesquisa Feminista, por considerar e admitir a inter-relação entre conhecimento, poder e subjetividade (CHANTLER e BURNS, 2015); e pela perspectiva arqueogenealógica foucaultiana (2009), por buscar emergências enunciativas referentes a discursos de cunho educacional, pedagógicos e/ou pedagogizantes incidentes sobre a construção identitária da infância pautada por um discurso generificado heteronormativo. Como aporte teórico para o desenvolvimento do percurso analítico proposto, recorre-se aqui à revisão bibliográfica de teorias que dialogam com os seguintes eixos temáticos: a) Gênero, Educação e Infância; b) Identidade de gênero e Feminismo; c) Sociologia da Infância; d) Relações de gênero, poder e produção de subjetividades; e) Identidade, cultura e esfera pública.