O presente trabalho propõe uma reflexão sobre saúde e educação numa perspectiva de cuidado integral com o ser humano. Mais especificamente, parte-se de duas indagações iniciais: quais sentidos os professores da educação infantil atribuem ao conceito de saúde? Como são suas práticas educativas relacionadas a esta temática? O objetivo deste trabalho é, portanto, compreender as concepções dos professores da Educação Infantil a respeito do conceito de saúde, buscando discutir como essa se relaciona à educação e refletir sobre as práticas educativas derivadas destas concepções. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa exploratória com aplicação de um questionário e dois grupos focais com 5 professoras de uma creche pública da cidade do Recife. Apesar de os participantes demonstrarem conhecimento a respeito da definição de saúde preconizada pela OMS como sendo de bem-estar físico, psíquico e social, a análise de conteúdo evidenciou uma concepção e práticas educativas relacionadas à ideia tradicional de saúde marcada pela ausência de doença física. Esta noção mais restrita encontra-se fundamentada numa abordagem cindida de sujeito que restringe a saúde ao corpo orgânico e a educação à mente. Nesta perspectiva, a saúde é incumbência dos profissionais da área, não cabendo aos educadores pensarem práticas promotoras de saúde. Acredita-se que esta concepção, que opõe o cuidado à educação, resulta do desconhecimento a respeito da noção de integralidade e do movimento para afirmar a creche como espaço de educação, superando sua história como instituição assistencialista restrita aos cuidados básicos. Urge, então, considerar esta discussão na formação de professores, visando a construção de um comprometimento efetivo com a prestação de um cuidado integral à criança.