Este trabalho recorta uma pesquisa concluída que objetivava analisar, em sequências linguístico-discursivas que compõem roteiros biográficos de professoras, com se dá o processo de constituição de identidades étnico-raciais, professores negros que atuam no ensino fundamental de escolas públicas situadas na região do Vale do Mamanguape. Adotou-se como questão norteadora da investigação: Como se traduzem na materialidade linguístico-discursiva nas narrativas de vida de professoras negras efeitos de sentidos que expressam focos de resistência quando essas, na tarefa de se livrar de identidades que estereotipam ou estigmatizam, buscam sua transformação, numa relação consigo mesmo? E como objetivo geral: analisar o processo de constituição de identidades em sequências linguístico-discursivas que compõem roteiros biográficos e narrativas dos professores negros. Como procedimentos metodológicos, utilizaram-se questionários e entrevistas para geração de dados junto a cinco docentes de escola públicas da Paraíba que se auto declararam pardos ou negros. Na realização das entrevistas, alguns percursos temáticos foram perfilhados, entre outros a trajetória profissional, o convívio familiar, a mobilidade social, a trajetória acadêmica e profissional, os arranjos afetivo-conjugais e as relações sociais. A investigação perfilha noções da análise do discurso francesa (AD) sobre discurso e interdiscurso e teorizações foucaultianas acerca de formação discursiva e ainda teóricos sociais. As análises preliminares permitiram apreender, nas narrativas de vida dos docentes, mecanismos discursivos que produzem sentidos acerca de atitudes de resistência desses sujeitos que se munem de estratégias que traduzem batalhas por eles travadas. As discursividades analisadas ainda indicaram que as professoras, ao constituírem suas identidades, instituem ou narram episódios atravessados por sentidos que contradizem efeitos de sentidos que elaboram a história destinada aos negros.