Este ensaio, de cunho qualitativo e bibliográfico, tem por objetivo tratar da adoção inter-racial, partindo-se do pressuposto que o racismo ainda é mal compreendido pela sociedade brasileira, visto que a simples aceitação da inter-racialidade não significa ausência de racismo. Dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) revelam que os postulantes à adoção têm tido menos óbices à questão racial. Nesse sentido, balizando-se na sociedade brasileira, que tem no racismo uma forma de organização social e das estruturas sociais, é possível afirmar que a socialização das pessoas é marcada pela questão racial, de modo que o racismo é subjetivado por todas as pessoas, levando-as a reproduzirem o que se denomina por racismo implícito (preconceito implícito). Sendo assim, embora a escolha por crianças negras e pardas possa ser considerada um avanço, não significa, entretanto, uma completa superação do racismo. Concluímos que os pais adotivos – em geral, pessoas brancas – devem em suas novas funções parentais preocupar-se com a questão racial, não para dar continuidade com o processo de embranquecimento ou de invisibilização da negritude, mas, ao contrário, para ajudar a criança na afirmação de uma identidade negra e, com isso, ter visibilidade.