GOMES, Brenno Fidalgo De Paiva et al.. . Anais V ENLAÇANDO... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/30789>. Acesso em: 07/11/2024 17:53
O presente artigo consiste numa pesquisa em andamento revelando o papel que a mulher e o feminino ocupam nos espaços de culto umbandista, atravessado pelo processo de incorporação da entidade Pomba-gira. Buscando na relação médium-entidade, objetiva-se compreender como a influência espiritual da referida entidade reconfigura a função da mulher no fazer religioso. Como parte desse trabalho, analisar-se-á a trajetória social de médiuns adeptas, seguidoras dessa divindade, que perfazem uma participação pioneira nos espaços sagrados umbandistas, por meio de um simbolismo característico das Pomba-giras, acionados como um mecanismo de defesa e imposição frente à hegemonia masculina no meio social. Para isso, a pesquisa percorre as vivências de filhas de santo da comunidade do Terreiro Gongá Cantinho de Luz, zona rural do município de Altos, PI, apreendendo o fenômeno da incorporação no corpo feminino e o que essa entidade espiritual modifica na forma como essas mulheres se reconhecem, trazendo com isso uma nova moldura, transfigurada pelo feminino empoderado. A mulher, guiada pela luz flamejante da guia espiritual Pomba-gira, revela-se apta a exercer uma função autônoma e encorajadora que desmistifica o papel subalterno destinado à mulher no ambiente repressor da sociedade machista. Assim, por meio de uma investigação etnográfica, embasada em uma fundamentação teórica, procura-se perscrutar o contexto social em que essas mulheres se inserem na representatividade do terreiro. Adicionando a isso, a figura popular de Pomba-gira responsável por deslocar o ser feminino sensual, de uma linguagem vulgar, para uma leitura que desafia padrões de comportamento.