O presente estudo constitui parte das análises desenvolvidas durante o período entre 2011 e 2013 junto ao programa de mestrado em Saúde, Ambiente e Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, em parceria com o Sindicato do Comércio Varejista de Feirantes e Ambulantes da Cidade do Salvador – Sindifeira, onde as investigações prosseguem. Foi tomado como objetivo geral desta pesquisa o trabalho desenvolvido por um grupo de mulheres, lideradas por uma trabalhadora que atua na atividade feirante há quarenta anos, durante a produção da massa de mandioca na Feira de São Joaquim, cidade do Salvador, Bahia. Constitui objeto principal de investigação nas atividades laborais destas trabalhadoras o mapeamento da construção de suas estratégias de superação das desigualdades no ambiente da referida feira. Trata-se, portanto, de uma abordagem qualitativa por meio de relatos de história laboral e das observações participantes sobre a atividade de ralação de mandioca. O contato com a teoria compreensiva, desenvolvida por Clifford Geertz, bem como, importantes estudos metodológicos desenvolvidos por M.C. Minayo e E.S.C. de Souza, contribuíram significativamente para o alcance dos objetivos deste estudo. Importantes teóricas como Sueli Carneiro e Ângela Davis contribuíram sobremaneira para as discussões aqui trazidas acerca dos processos históricos e contemporâneos das relações de trabalho e gênero com vistas à superação das desigualdades por mulheres negras em suas atividades laborais. A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) representa também uma importante ferramenta metodológica corroborando para o detalhamento do trabalho co-labor-ativo, aqui compreendido enquanto tecnologias sociais, desenvolvido por estas trabalhadoras. Conclui-se que as atividades co-labor-ativas representam importantes instrumentos estruturantes da Feira de São Joaquim; o conjunto de práticas co-labor-ativas desenvolvidas pelas raladoras de mandioca, enquanto tecnologias sociais, constituem significativas ferramentas de difusão do conhecimento no ambiente da feira; As tecnologias sociais se apresentam como significativos instrumentos de superação das desigualdades e da manutenção da sobrevivência individual e coletiva das raladoras; As tecnologias sociais implementadas por estas trabalhadoras representam importantes referenciais para outras trabalhadoras feirantes;