Esse artigo apresenta reflexões sobre as representações de gênero presentes no Sertão do nordeste brasileiro, a partir de estudos com caçadores tradicionais. Historicamente as representações de gênero no sertão foram construídas a partir de estereótipos que associam o masculino à virilidade, força, violência e do provedor do lar, e o feminino à submissão, serenidade e às atividades domésticas, embora também haja uma identificação da sertaneja como uma mulher forte. Considerando essas representações pretendemos trazer a contribuição dos estudos etnobiológicos com enfoque no uso dos recursos naturais, especificamente as atividades cinegéticas, ilustrando com os arquétipos dos mitos femininos da caça, presentes em diversas sociedades e expressões culturais, identificando assim, outras possibilidades de leitura de gênero no sertão a partir de das atividades de caça e coleta.