Introdução: Relato de experiência de um programa de atenção humanizada às mulheres em situação de abortamento em uma maternidade baiana. Objetivo: Relatar esta experiência sob o ponto de vista do profissional, sobretudo da Enfermeira, que apresenta maior vínculo com estas mulheres. Metodologia: São oferecidas 2 modalidades de acompanhamento para mulheres com perda gestacional de até 12 semanas. A primeira é expectante/farmacológica, que prescinde de hospitalização. A segunda é esvaziamento uterino cirúrgico por curetagem/AMIU. As mulheres podem escolher o método. As mulheres são acompanhadas presencialmente por equipe multidisciplinar e também através de contato telefônico por Enfermeiras. Neste, abordam-se questões de gêneros nas relações conjugais; direitos sexuais e reprodutivos; direitos trabalhistas; violência doméstica; a dor da perda de um filho ou o alívio da retirada de um feto. Resultados e Discussão: Em 2 anos, 500 mulheres, entre 14 e 46 anos, participaram desta iniciativa. Destas mulheres, 44% são solteiras, 82% são pardas ou pretas, 42,4% são católicas, 71,8%, no mínimo, completou o ensino médio, 57,6% apresentaram o aborto retido, 54,6% protagonizaram o esvaziamento uterino espontâneo e 25,7% foram submetidas a curetagem/AMIU. Na alta, 78,6% receberam orientações sobre planejamento familiar e contracepção. Houve perda de seguimento de 10,6%. Conclusão: A proximidade da equipe e o apoio da gestão institucional contribuem para a humanização da assistência destas mulheres. Esta iniciativa usa essencialmente tecnologias leves e tem fácil replicação para outras instituições de saúde. Busca-se o protagonismo feminino dos direitos sexuais e reprodutivos, a autonomia da mulher e a escolha por tratamentos seguros.