O presente artigo, parte de uma dissertação em andamento sobre a literatura erótica feminina, versará sobre o tema do incesto nos escritos da autora franco-norte-americana Anaïs Nin (Paris,1903 – Los Angeles, 1977), famosa pelos seus diários, ensaios e ficções em prosa. Tendo o seu pai abandonando a família quando Nin era criança, ela o reencontrará mais tarde (já casada com Hugh Giller, mas mantendo casos extraconjugais com seus psicanalistas Renè Allendy e Otto Rank, além do casal Henry e June Miller) e, segundo o que relata em “Incesto: de Um Diário Amoroso: diário completo de Anaïs Nin 1932-1934”, teria seduzido sexualmente e posteriormente deixa-lo como vingança. Ora, segundo o que a autora revela nesse mesmo livro, ela coloca páginas do diário na sua ficção (nunca o contrário). Sendo assim, o incesto retomaria na sua produção literária, seja como um símbolo no poema em prosa “A Casa de Incesto”, seja como tema do conto autoficcional O aventureiro húngaro, do seu livro “Delta de Vênus: História Eróticas”. Partindo desse corpus, será discutido nesse artigo, pelo viés da literatura comparada, os conceitos de “Incesto” segundo Freud e Bataille; “Autoficcção” e “Biografema” na perspectiva de Leonor Arfuch, Beatriz Sarlo e Eneida Maria de Souza; e Corpo Feminino em Susan Bordo, Michel Foucault e Judith Butler; e como eles podem ser operacionalizados para a análise da autora supracitada.