O Mágico de Oz, história fictícia de Lyman Frank Baum foi publicado pela primeira vez em 1900, tornou-se indubitavelmente um clássico da literatura mundial. Não é apenas uma história voltada para o público infantil, porque a narrativa é toda carregada de elementos filosóficos de enorme profundidade. A história conta as aventuras de Dorothy, juntamente com seus amigos, o Espantalho, o Lenhador de Lata e o Leão Covarde, e é carregada de simbolismos que são plenamente válidos nos dias de hoje. O objetivo do presente trabalho é analisar a história e traçar um paralelo com o Judiciário como meio estatal de solução de conflitos, através de um terceiro imparcial (o juiz), bem como da busca dos personagens da história por uma solução “mágica” junto a Oz e a posterior descoberta de que a solução para as necessidades de cada um estava com eles mesmos, tal como ocorre na mediação. O trabalho faz uma comparação dos personagens centrais da obra de Baum com os cidadãos que buscam o Judiciário como fonte milagrosa capaz de solucionar todos os conflitos que lhe são submetidos. Hoje se sabe que o Judiciário é incapaz de solucionar todas as controvérsias que lhes são submetidas, tal como Oz, porém antes prometeu soluções milagrosas aos personagens, tal como o Estado faz. Oz faz uma série de aparições no decorrer da trama, e em cada uma delas ele assume uma forma distinta, gerando insegurança e imprevisibilidade nos personagens. Essas aparições podem ser comparadas com a inconstância jurisprudencial, e os diversos entendimentos jurisprudenciais dos nossos Tribunais. No decorrer da narrativa literária Oz reconhece ser incapaz de solucionar a pretensão dos personagens, e a partir do momento da percepção da sua própria incapacidade, fez-se necessário estimular as partes a uma autodescoberta, tal como ocorre atualmente, quando o Judiciário se viu obrigado a implementar e estimular as partes em um litígio a comporem o conflito entre elas por elas mesmas, com a ajuda de um terceiro imparcial (o mediador). A solução, portanto, que parecia estar com Oz (Judiciário), na verdade estava com as próprias pessoas, o que foi possibilitado pelo diálogo (mediação).