O objetivo deste estudo é averiguar sob quais condições ocorrem as mudanças de comissões técnicas no futebol e quais justificativas são adotadas pelos dirigentes para efetuar a troca, assim como analisar a relação da mudança de comissão técnica com a produtividade da equipe e, sobretudo, compreender as decorrências psíquicas e comportamentais desses processos de mudança. Partimos de uma revisão bibliográfica, observações e entrevistas com 25 atletas, 12 integrantes de comissão técnica e 6 dirigentes de três clubes profissionais do futebol brasileiro. Dentre os motivos argumentados para que as mudanças ocorram estão a ausência de resultados positivos/vitórias, a pressão, a precipitação dos clubes ao demitir sua comissão técnica sem lhe dar o tempo para que possa obter os resultados esperados, o despreparo e equívoco dos dirigentes, o ambiente ruim como consequência de dificuldades e problemas de relacionamento, e a perda de comando/liderança por parte do treinador. A relação das mudanças de treinadores com a produtividade da equipe se mostrou negativa, visto que possivelmente prejudicará a comunicação entre os membros do grupo e a elaboração do ECRO grupal, cristalizará o desempenho e mobilidade dos papéis e promoverá a estereotipia da tarefa e aprendizagem. Se faz necessário estar atento às ansiedades que emergem neste processo que, se não “trabalhadas”, podem levar um grupo a se burocratizar, cristalizar e estereotipar.