O ensino da dança na escola ainda é um desafio para o campo da Educação Física. As dificuldades em tratá-la se relacionam com deficiências na formação inicial e continuada, com a carência de materiais didáticos e também com a própria construção histórica atribuída a esse conteúdo. Temos ainda, a problemática em torno da seleção e organização dos conteúdos da Educação Física, que é mais uma barreira frente às limitações para eleger quais danças seriam essenciais à Educação Básica. Nesse escopo, o nosso objetivo foi identificar “o que” ensinar sobre dança no Ensino Médio (EM), a fim de tornar o percurso formativo mais claro para os professores e auxiliar na ampliação do espaço da dança na escola. Para tanto, desenvolvemos entrevistas semiestruturadas com onze professores que atuam na formação inicial em Educação Física com disciplinas relacionadas à dança, os quais denominamos de especialistas. Posteriormente, realizamos uma análise documental na Base Nacional Comum Curricular - BNCC (Segunda versão), documento que visa minimizar os problemas relativos ao processo de organização curricular. Como principais resultados, identificamos que para os especialistas é necessário garantir um espaço de autonomia aos professores e estudantes, respeitando as características regionais. Ademais, foi possível delinear o seguinte itinerário de aprendizagem para o Ensino Médio a partir dos apontamentos docentes: danças de salão (81,81% dos entrevistados), danças urbanas (72,72%) e as danças populares (72,72%). Já na BNCC, temos no Ensino Médio um encaminhamento voltado às danças no campo do lazer, sugerindo maior autonomia aos alunos para selecionar as manifestações que serão tematizadas. A justificativa é que no EM o aluno já desfrutou de diversas danças em fases anteriores, e dessa maneira, possui amplo repertório para auxiliar o professor no processo de seleção. Temos com esses dados certa confluência com os apontamentos dos especialistas, principalmente no que diz respeito à existência de espaços para construção coletiva, todavia, a proposta de dança da BNCC para o EM pareceu vaga. As manifestações apontadas pelos especialistas também foram sugeridas na BNCC, contudo, em outras etapas do itinerário formativo (Ensino Fundamental I e II). Podemos dizer, portanto, que apesar das discrepâncias com relação ao momento de aprendizagem, as danças de salão, urbanas e populares parecem apresentar um significado considerável, uma vez que, foram delineadas como direitos de aprendizagem tanto pelos especialistas quanto pela BNCC. Esses dados podem auxiliar os professores no desafio de delimitar “o que” ensinar sobre dança no Ensino Médio, exaltando a importância de conceder espaços para o protagonismo da comunidade, bem como para seleção de práticas consolidadas historicamente em nosso país, como é o caso das danças de salão, urbanas e populares.