Na Educação Física escolar, a análise da prática profissional constitui importante dispositivo no processo de formação continuada de professores e de profissionalização do ensino. Neste contexto, este estudo teve como objetivos identificar e analisar a própria prática docente na perspectiva do professor profissional. Optou-se pela pesquisa autoetnográfica em que o pesquisador depois de uma descrição densa de sua própria prática, nesse caso a aula, combina esta abordagem qualitativa com uma reflexão crítica de análise, envolvendo quatro etapas: 1) Descrever (o que faço?); 2) Informar (qual o significado das minhas ações?); 3) Confrontar (como me tornei assim?); 4) Reconstruir (como posso fazer diferente?). Nesta proposta, parte-se do pressuposto de que o professor desenvolve saberes profissionais inerentes ao próprio local de trabalho, pois se aprende a trabalhar, trabalhando. Porém, há necessidade de identificar estes saberes e descreve-los. Assim sendo foi analisada uma aula de educação física no ensino fundamental, ciclo 1 (2º ano), ministrada pela pesquisadora, tendo como tema: “ginásticas das olimpíadas”. Entre os resultados se observou que foram mobilizados diferentes tipos de saberes (pré-profissionais, curriculares, disciplinares, da formação, experienciais) nas mais diferentes partes da aula com predominância (não significa que seja o mais importante) do saber experiencial, ou seja, aquele constituído ao longo da prática docente e específico do local de trabalho. Na análise desse saber ponderou-se que a sua construção era temporal, plural e heterogênea, situada, personalizada e relacional, podendo em sua amalgama dar margem para uma teoria da interação social. Concluiu-se que não foi uma tarefa simples analisar a própria pratica e identificar os saberes docentes mobilizados no ato de ensinar, pois este trabalho exigiu rigor e disciplina para efetuar os registros. Caso contrário se permaneceria na privatização da prática. No entanto, ao se materializar estas descrições e observar o contexto no qual se desenvolveu a aula despontou com maior nitidez as rotinas de trabalho que estavam subjacentes a ela na forma de experiências, dificuldades, estratégias ou “macetes”, podendo ser compartilhadas com os colegas em reuniões pedagógicas. Enfim, elas podem contribuir para um processo de desprivatização da prática docente, podendo dar origem a uma comunidade de práticos.