O presente trabalho analisa as decorrências linguísticas que a presença e/ou a ausência de formas verbais em temas propostos para provas de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) podem trazer ao texto que será elaborado pelos candidatos. O objetivo primeiro da pesquisa e investigar os aspectos discursivos mais particulares decorrentes da apresentação de um tema em forma de SINTAGMA ORACIONAL em oposição a um em forma de SINTAGMA NOMINAL. As questões em torno desse problema surgiram em aulas de produção textual nas quais, ao se analisarem as cinco últimas propostas de tema das provas de redação do Enem, notou-se que na última, apresentada em 2016, a frase-tema organizava-se em torno de uma forma verbal: “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”. A princípio, as análises feitas a partir de uma perspectiva da Linguística Textual, que estuda os aspectos do texto argumentativo e suas relações significativas, apontaram para distinções que indicavam maior ou menor grau de generalização quando os temas não trazem um núcleo verbal. As bases teóricas dessa investigação fundamentam-se nos principais teóricos dessa linha de pesquisa no Brasil, entre os quais estão Luiz A. Marcuschi, Ingdore Koch, Luiz C. Travaglia. Num primeiro momento, essa proposta de investigação linguística traz de volta uma já conhecida e bastante discutida temática linguístico-gramatical que coloca em questão as diferenças discursivas (não apenas formais) entre uma estrutura frasal-nominal e uma estrutura frasal-oracional. Para os objetivos colocados nesse estudo, no entanto, julgou-se desnecessária e enfadonha a retomada das muitas discussões em torno da oposição FRASE vs. ORAÇÃO. Por outro lado, considera-se pertinente e esclarecedora a compreensão da natureza linguística distintiva dessas unidades constituidoras e caracterizadoras da estrutura dos períodos sintáticos do texto; bem como, indispensável a consideração de suas implicações para a construção de enunciados complexos e motivados discursivamente. Para Bally (apud FLORES et al, p. 26) “a frase é a forma mais simples possível da manifestação de um pensamento”, nesse sentido, é claro que essa é uma estrutura comunicativa elementar. Os resultados que se têm até o momento não são conclusivos, uma vez que a pesquisa está em sua fase inicial, mas já se pode ter uma antecipação da importância de se refletir sobre tais aspectos linguísticos de umas das provas de seleção mais importante do Brasil e que tem sido decisiva na vida de milhões de estudantes.