Realizado no âmbito do projeto “Metaliteratura: teorias e obras” (CNPq/UFRPE), este trabalho teve como objetivo analisar o conto “Um cavalo que bebia cerveja”, de Guimarães Rosa (1962), evidenciando seu caráter mimético e metaliterário. Trata-se de um recorte dos resultados obtidos no plano de trabalho “Metaliteratura e mimese em contos de Guimarães Rosa”. Os estudos metaliterários buscam resgatar o caráter autorreflexivo da literatura, em que ela testemunha a si própria diante de diversos níveis, implícitos ou explícitos. O presente trabalho parte dos pressupostos teóricos de Bernardo (1999), Culler (1999) e Foucault (2005), no que tange o fenômeno literário e sua tendência autorreflexiva, e dos estudos de Cortázar (1993), em relação às discussões sobre o gênero conto. As reflexões realizadas no desenvolvimento do trabalho buscam evidenciar como a metaliteratura atua no conto supracitado, destacando-se os esquemas envolvidos, contribuindo, assim, para os estudos metaliterários e, consequentemente, para a teoria literária. O conto analisado apresenta representações miméticas envolvendo o processo de imigração italiana no Brasil, o imaginário popular religioso pela comparação do cavalo branco apresentado no conto, e possivelmente o político italiano Benito Mussolini. O regime metafórico da máscara, tal como consta nos estudos metaliterários, é também observado no conto. A análise contribuiu, ainda, com a identificação e catalogação de mais um regime metafórico à pesquisa – o do “labirinto” –, que reflete a possibilidade de oscilação de situações que se aproximam ou não do que é verossímil.