Nosso estudo, alicerçado nos pressupostos epistemológicos da Estética da Recepção e nos constructos psicanalíticos de base freudiana, debruça-se sobre questões pedagógicas e subjetivas que envolvem a presença e/ou apagamento da literatura infantil e juvenil nos livros didáticos dirigidos ao Ensino Fundamental. Privilegiaremos um percurso analítico, onde as unidades temáticas, de cada manual, serão esmiuçadas em seus aspectos semióticos e, quando possível, confrontadas com reflexões críticas sobre como a estrutura escolar e pedagógica (aqui, consideraremos, também, as arestas humanas dessa arquitetura) influem no processo de recepção e compreensão dos textos literários. É factível que a crise atual do ensino de literatura reverbera-se, de modo latente, desde a academia e se alastra, com certa proeminência, na Educação Básica, a qual se mostra ainda sem condições de solucionar, definitivamente, o problema. Cumpre dizer que a articulação entre arte e sociedade nos fornecerá as respostas que, quiçá, respondam as nossas expectativas, inquietações e anseios pedagógicos. Como sabemos, quando o professor se coloca numa condição de disponibilidade ao saber, enveredando por caminhos (des)conhecidos, sua percepção do mundo expande-se, de tal sorte que consegue ofertar aos discentes condições mais favoráveis à construção de habilidades leitoras.