Moacyr Scliar tornou-se, em números e qualidades, um dos grandes escritores brasileiros do final séc. XX e início do séc. XXI. Sua obra carece de mais atenção por parte da crítica especializada principalmente as narrativas curtas – os contos e as crônicas. O objetivo deste artigo é apresentar uma análise crítica do conto “Pequena História de um Cadáver”, que foi publicado no livro “Histórias de Médico em Formação” (1962). O trabalho analítico empreendido focaliza a construção do espaço narrativo, concentrado na representação da imagem da casa (ou na sua ausência). As categorias teóricas principais que embasam essa investigação são a Intimidade Protegida, de Bachelard (1978), o Cronotopo Literário, de Bakhtin (2010) e Processo de Ilhamento, de Lins (1976). As constatações do presente estudo apontam para uma percepção estética, criativa e plurissignificativa, que acolhe sujeitos marginalizados em uma sociedade capitalista, extremamente desigual.