SIQUEIRA, Mauro Torres. Pbl como ferramenta na educação para as relações étnico-raciais. Anais VIII FIPED... Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/25601>. Acesso em: 23/12/2024 13:02
O racismo e a discriminação racial são fenômenos enraizados à realidade brasileira, com vários aspectos, os quais não podem ser ignorados ou negligenciados. A perspectiva afetiva, ligada a dimensão dos valores, sentimentos e pensamentos associados em uma situação de racismo são aspectos explorados neste trabalho, utilizando a Teoria de Modelos Organizadores do Pensamento. Os participantes da pesquisa foram alunos de escolas estaduais da capital do estado. O principal objetivo da pesquisa foi identificar os Modelos Organizadores do Pensamento construídos pelos participantes ao analisarem um conflito racial. Não foram estabelecidas categorias a priori, tendo em vista o resultado da pesquisa não ser previsível. A primeira das questões pós leitura do conflito arguia os sujeitos sobre o que pensou da situação. As outras questões investigavam que sentimentos tiveram o agressor/ vítima durante do incidente, o que faria o respondente se fosse colega dos dois envolvidos e, por fim, o que faria se estivesse no lugar de Arnaldo, o Professor. Com estas perguntas buscamos extrair os elementos abstraídos e retidos como significativos, os significados e relações e / ou implicações entre eles. Com isso chegamos a extração de seis modelos. No modelo 1, pacificação, as respostas agrupadas tiveram como implicação entre elementos abstraídos e significados atribuídos a reflexão sobre a inadequação do preconceito, com base no valor humano ou com base na legalidade. No modelo 2, agressão e revolta, a implicação entre os elementos abstraídos e significados atribuídos foi punir o agressor por seu comportamento preconceituoso. No modelo 3, frustração, a implicação entre os elementos abstraídos e significados atribuídos foi agressividade ou passividade, no caso do agressor e auto-punição no caso da vítima. No modelo 4, superioridade, a implicação entre os elementos abstraídos e significados atribuídos foi o sentimento de superioridade como mote para a atitude do agressor. No modelo 5, conflito de valores, a implicação entre os elementos abstraídos e significados atribuídos foi o conflito entre o valor respeito a propriedade e o valor respeito a pessoa. No modelo 6, Restrição de avanços sociais, a implicação entre os elementos abstraídos e significados atribuídos foi a de o preconceito ser um impedimento de progressos no sentido de uma sociedade da paz, melhor para todos. Esses achados nos permitiram melhor vislumbrar os afetos envolvidos em um conflito racial, que tem efeito não apenas sobre os jovens negros, mas também sobre os brancos, que constroem sua identidade a sobre égide da branquitude/negritude. Os resultados dessa pesquisa sinalizam que a análise de uma situação problema pode levantar inúmeros elementos para o processo de construção de conhecimento valendo-se de elementos do fenômeno que se pretende conhecer já presentes nas elaborações e reelaborações do sujeito. Desse modo, essa perspectiva trabalha com elementos da experiência extraescolar que podem ser utilizados como meio de educação étnico-racial, criando enfrentamentos dos preconceitos, trabalhando a cidadania e desconstruindo os óbices ao tratamento igualitário e cidadão. Conforme exposto, o percurso é construído pelos sujeitos a partir de um problema, e a aprendizagem dá-se no processo, como em outras situações alicerçadas na PBL.