O presente escrito tem como objetivo central apresentar os indícios da escolarização da população negra no final do século XIX em Alcântara, estado do Maranhão. O problema reside em descontruir a historiografia oficial que omite a inserção da população negra em processos de escolarização, ou melhor, de práticas de leitura e escrita no final do século XIX, pois o que se tem sobre História da Educação, em especial, da população negra, consiste na história da escolarização das camadas altas e médias brasileira, ou seja, de um grupo racial branco que elaborava leis e regulamentos para proibir o acesso a grupos sociais ditos “inferiores” no processo educacional. Assim, atuando no campo da História da Educação, tomou-se os pressupostos da História Cultural, na tentativa de descortinar essas práticas, de homens e mulheres, negras e negros invizibilizados e construir uma historiografia que contemple esses sujeitos que foram sob as ideologias racistas de cunho biológico discriminados/as como seres inferiores e incapazes de serem escolarizados numa sociedade escravagista. Desse modo, a pesquisa partiu de diferentes fontes, sejam documentais (acondicionadas no Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM) e bibliográficas, de modo a perceber, como a Historiografia Brasileira tratou da escolarização da população negra em Alcântara - MA no final do século XIX. A pesquisa mostrou que mesmo sendo vetado a escolarização à população negra no final do século XIX existem fortes indícios de que a população negra não ficou totalmente alheias a esse processo, como também das práticas de leitura e escrita presentes na sociedade alcantarense, mesmo o Recenseamento do Brasil Império de 1872 não divulgar nos dados coletados a presença de negros escravizados em processos de escolarização.