A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade da Educação Básica que atende um público muito específico, que teve o seu direito à educação negada. Observamos hoje um fenômeno crescente, conhecido como “juvenilização da EJA” que já se constitui um fenômeno significativo nas diversas classes de EJA.
Este trabalho apresenta um recorte da pesquisa do “Observatório Educacional da Região dos Inconfidentes” da Universidade Federal de Ouro Preto e tem como principal objetivo investigar quem são os alunos jovens da Educação de Jovens e Adultos (EJA) que frequentam as salas de aula da rede pública dos municípios da região dos Inconfidentes – MG e qual o papel que a escola representa para esses sujeitos. Partindo de tais questões buscamos investigar os elementos articuladores que compõem o perfil e os saberes deste grupo de alunos, em dimensões diferenciadas.
A pesquisa seguiu a metodologia hibrida, com uma fase de coleta de dados quantitativos e outra de dados qualitativos. Assim, estudo partiu de um piloto já realizado com 600 estudantes da EJA nas escolas municipais da cidade de Mariana (ARAUJO; GUIMARÃES, 2012). Na primeira etapa da pesquisa foram aplicados questionários a todos os alunos da EJA das escolas municipais, nas demais cidades da região (Itabirito, Ouro Preto, Mariana, Acaiaca e Diogo de Vasconcelos), totalizando 1.106 participantes. Desse total 53,5% é constituído de jovens com até 25 anos e cerca de 200 possuem menos de 18 anos.
Os dados foram analisados e, após a tabulação feita mediante o uso do programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), foram definidas as categorias-chave para análise. Na segunda etapa da pesquisa serão realizados dois grupos focais com os jovens estudantes da EJA em cada uma das cinco cidades componentes da Região dos Inconfidentes. Os grupos focais serão compostos por até 20 alunos com menos de 18 anos, um coordenador, um relator, um responsável pelas filmagens e gravações. Essa fase da investigação está em andamento.
Os primeiros resultados, oriundos dos questionários aplicados nos municípios mencionados demonstram uma perfil jovem dos estudantes nas salas de EJA. Trata-se de uma população que se auto classifica principalmente como negra ou parda, solteira e que recebe até 2 salários mínimos. A maioria é constituída por mulheres, porém, entre os mais jovens os rapazes são maioria. Os cruzamentos dos dados também revelam que os mais jovens (menos de 18 anos) nunca pararam de estudar, diferentemente do grupo etário acima dos 25 anos.
Com essa pesquisa sobre o jovem na EJA espera-se contribuir para se conhecer melhor quem é o estudante da EJA e auxiliar na elaboração de programas de formação de professores para essa modalidade de ensino, tendo em vista o fenômeno da juvenilização e da heterogeneidade etária das turmas.