Introdução: O aumento expressivo da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e das sequelas que acompanham a senilidade, atrelado ao poder da indústria farmacêutica, do marketing dos medicamentos e a medicalização presente na formação de parte expressiva dos profissionais da saúde, tem como consequência uma verdadeira epidemia de uso de medicamentos entre os idosos. O amplo uso de medicamentos repercute diretamente em maior risco de evento adverso em idosos, especialmente devido mudanças fisiológicas próprias do envelhecimento, relacionadas aos processos de senilidade e senescência que podem impactar nos processos farmacodinâmicos e farmacocinéticos e a ocorrência de interações medicamentosas. Nesse contexto, é necessário identificar as potenciais interações entre medicamentos, compreendendo e identificando aquelas que são clinicamente importantes e que devem ser evitadas para os idosos. O objetivo deste trabalho foi avaliar as interações medicamentosas nas prescrições de idosos em instituições de longa permanência (ILPI) na cidade de Natal-RN. Metodologia: Estudo transversal que analisou 349 prescrições de idosos residentes em 10 ILPIs privadas e filantrópicas da cidade de Natal. A coleta foi realizada no período de outubro a dezembro de 2013. Os dados foram obtidos através dos prontuários e por informações fornecidas pelos profissionais de saúde ou pelos cuidadores. Para avaliar as interações medicamentosas foi utilizado a tabela 5 do Critério de Beers (2015). Resultados e discussão:De acordo com os resultados das análises de 349 prescrições de idosos, 26,8% (91) continham pelo menos uma interação medicamentosa potencial. Em todas as prescrições foram identificadas 159 interações medicamentosas, sendo a mais frequente antipsicóticos associados a dois ou mais medicamentos que atuam no Sistema Nervoso Central com 45,3% (72 prescrições), seguido por benzodiazepínico associado a dois ou mais medicamentos que atuam no Sistema Nervoso Central representando 29,6% (47 prescrições), e antidepressivo associado a dois outros fármacos que atuam no SNC com 20,7% (33 prescrições). As interações potenciais identificadas tinham qualidade de evidência considerada moderada a alta e força de recomendação classificada como forte. Conclusão: No estudo foi observado a ocorrência de interações medicamentosas potenciais, aumentando, o risco de eventos adversos importantes como quedas. Compreender e tornar as prescrições mais seguras reduzindo as interações clinicas importantes pode contribuir para a redução de risco e assim aumentar a segurança da terapia.