O referente artigo tem por objetivo realizar uma análise da obra de Ana Paula Romão de Souza Ferreira, A trajetória politico-educativa de Margarida Maria Alves: Entre e o velho e o novo sindicalismo rural (2010). A autora no decorrer da obra, para a além da pretensa discursão sobre a trajetória de vida, representações e simbolismos acerca da figura de Margarida, faz uma série de reflexões sobre questões de gênero e o papel social desempenhado pela mulher, principalmente as mulheres do campo; sobre a importância que a EP (Educação Popular) desempenha na formação de uma consciência coletiva, voltada para a valorização da experiência – fazendo uso das noções de experiência presente em Thompson (1981) - como principal foco de aprendizado; e sobre o processo de transição entre o Velho e o Novo Sindicalismo Rural, demonstrando como as práticas de ação de Margarida estavam justamente inseridas nesse contexto de transição, onde faziam deslocamentos de um para o outro no decorrer de sua trajetória. Tais tipos de sindicalismo são bem abordados pela autora e nos fazem estabelecer um exercício de debate sobre as continuidades e descontinuidades, sobre o que ainda persiste e nos novos atores que fazem parte do sindicalismo rural e das lutas sociais no campo. A partir desses focos de discussão, busco salientar a importância dessa obra no tocante a aspectos relativos a estudos sobre tais temáticas, e nas contribuições que a mesma trás aos campos de gênero (referente aos conflitos no campo), a EP e ao campo dos estudos sobre as práticas sindicais no campo.