Tendo como ponto de partida a saga Inferno Provisório, do escritor mineiro Luiz Ruffato, publicada pela editora Record, entre 2005 e 2011, esta comunicação pretende analisar como se configura a representação do imaginário nacional na literatura brasileira. Como se sabe, o tópico ‘nação’ ocupou um lugar central na ficção nacional nos períodos romântico e modernista, mas, diante do processo de globalização, vem perdendo relevância e abrindo alas para a construção de imaginários mais cosmopolitas. O escritor mineiro, no entanto, parece ir na contramão deste ideário contemporâneo que evidencia o surgimento de sujeitos sem identidade fixa, resgatando uma tradição da nossa literatura de narrar a nação. Ao escrever sobre o universo do trabalhador urbano, os sonhos e pesadelos da classe média baixa, com todos os preconceitos e tragédias, o autor contribui de maneira bastante inovadora para a reflexão sobre a realidade brasileira, ainda que sob a bandeira da denuncia de um projeto de modernização nacional que nunca se realiza.