A compreensão de família monogâmica em Engels, presente em sua obra A origem da família, da propriedade privada e do Estado, está atrelada à gênese da exploração do homem pelo homem, à propriedade privada e à formação das sociedades de classes onde todo esse contexto tem no Estado, o órgão especial de repressão e de controle social, o seu instrumento principal assegurador e legitimador. Além disso, a compreensão dessa forma histórica de família está também atrelada ao desenvolvimento de uma forma específica de produção de riquezas, ou seja, uma forma de trabalho, o que dá bases para uma nova forma de sociabilidade. Quer dizer, para Engels para entender, de forma ontológica, a família monogâmica torna-se necessário compreender a real função social da família com a propriedade privada, com o Estado, e com o trabalho etc. E assim, relegando as explicações idealistas e místicas das concepções de família aos “contos das carochinhas”, Engels despe a “naturalidade” da família monogâmica é a concebe como uma criação humana, necessária à exploração dos homens pelos homens e a defesa da propriedade privada. Este entendimento só foi possível, pois Engels parte, como fez Karl Marx, do trabalho como a pedra de toque para compreender as demais práxis sociais e seus produtos. Posto isso, este artigo busca observar como Engels explica a família monogâmica como uma criação humana, típica das sociedades de classes, através de sua obra clássica acima referenciada.