A Ilha do Marajó situa-se no setor do Marajó Oriental da zona costeira paraense, localizada entre a foz dos rios Amazonas e Gurupi. A margem leste da ilha apresenta planície costeira constituída por sedimentos holocênicos de origem fluvio-marinho, cuja porção interna (supramaré) é caracterizada por campos inundáveis, atingidos pela ação das marés durante o período chuvoso e nas marés de sizígia. A porção de intermaré é caracterizada por manguezais associados a restingas e várzeas de maré. O registro dos movimentos da linha de costa da margem leste da ilha indica processos erosivos e mudanças no limite interno dos manguezais do município de Soure, no contato com os campos inundáveis e com o planalto costeiro. A sensibilidade deste ecossistema costeiro, diante de mudanças ambientais, associadas à dinâmica de sedimentação de curta duração, ou a eventos climáticos ou tectônicos de maior duração, demanda pesquisas que contribuam para a conservação deste ambiente, considerando sua importância ecológica e socioeconômica para as populações locais e a ampla exploração desta área para o agronegócio e o turismo. A aplicação da Ecologia de Paisagem à análise ambiental utiliza procedimentos analíticos que conduzem à observação, sistematização e análise combinada de múltiplos elementos interatuantes no ambiente e que constituem a paisagem. Assim, a paisagem é o objeto central da análise e representa uma determinada porção do espaço que resulta da combinação dinâmica dos elementos físicos, biológicos e antrópicos, os quais interagindo dialeticamente uns sobre os outros, formam um conjunto único e indissociável em perpétua evolução.