Este estudo surge como fruto das nossas experiências e participações junto a grupos de mulheres organizadas e em luta constante por um mundo mais justo, mais humano e de respeito às diferenças. Foi a partir das vivências e observações da participação das mulheres, sobretudo as mulheres do campo, que surgiu o interesse em estudar e pesquisar como os momentos de participação mobilizações, a exemplo da Marcha das Margaridas, contribuem para fortalecer a luta pela inclusão social e empoderamento das mulheres. Assim, tivemos como um dos objetivos deste trabalho analisar a participação das mulheres camponesas em alguns desses momentos, identificando de que forma eles se constituem como espaços de formação, construção de conhecimentos e novas identidades. A pesquisa foi realizada com mulheres que participam de grupos organizados, redes, articulações e movimentos sociais da região do brejo paraibano. Tivemos como aporte teórico a Educação Popular numa perspectiva de educação feminista e do campo. O nosso estudo apontou que os processos organizativos e a participação das mulheres camponesas em eventos de menor ou maior proporção, como a Marcha das Margaridas, têm provocado mudanças significativas, não apenas no que diz respeito às conquistas de direitos e reconhecimento social, mas também de reconhecimento de si como mulher, como sujeito/a de desejos, de possibilidades e novas formas de ser e viver que afeta as relações estabelecidas no espaço doméstico e nos grupos específicos dos quais elas participam. No âmbito dessas mudanças, as mulheres vão construindo novos caminhos, construindo uma nova identidade e um novo jeito de ser mulher.