Esta comunicação é um recorte de uma tese em andamento sobre a emergência e consolidação da Imprensa Lésbica portuguesa entre 1990 a 2007. A partir de uma análise historiográfica discursiva da revista Organa (1990-1992), evidencia-se de que maneira essa organização lésbica embrionária construiu um espaço de resistência, informação e politização da lesbianidade. Percebe-se que a circulação desses materiais naquele contexto, além de serem fundamentais para romper com o isolamento de muitas mulheres, atuaram principalmente como eixo de comunicação e informação para o questionamento de um modelo de heterossexualidade compulsória. Fomentando por fim um espaço contradiscursivo de narrativas de si, de consumo e contato com uma cultura lésbica especificamente portuguesa, impactando principalmente a subjetividade das leitoras ao desnaturalizar as categorias binárias e heterossexuais, evidenciando então uma infinidade de possibilidades de ser mulher.