Pessoas trans enfrentam barreiras ao acessar serviços de saúde, entre elas o despreparo de profissionais tanto para atender suas demandas de saúde básicas quanto específicas. As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina descrevem: o(a) graduando(a) deve ser formado(a) para abordar a diversidade biológica, étnico racial, de gênero e orientação sexual. Comprometido com as diretrizes, o curso de Medicina da UFV, por meio da disciplina Saúde da Criança e do Adolescente, vem debatendo a transgeneridade. O presente relato de experiência tem como objetivo relatar como a temática trans vem sendo abordada na disciplina supramencionada desde 2017. Para atingir este objetivo, discutimos a construção da metodologia das aulas e exploramos os referenciais teóricos, como o Guia de Disforia de Gênero da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o conceito de gênero, como abordado por Butler (2015), aspectos médicos ligados ao DSM 5 e ao CID 10, e despatologização, através dos estudos de Bento (2012), considerando a situação do ensino de gênero e sexualidade nas escolas. Como método, utilizou-se o registro e a análise dos depoimentos dos alunos. Os principais resultados apontam para reações dos alunos de que se sentiram preparados, após a disciplina, para atender pessoas trans. Destaca-se que, com a oportunidade de debater no Departamento de Medicina sobre a questão, a professora passou a ser convidada para falar sobre transgeneridade e saúde em outros espaços na universidade e na cidade, promovendo aperfeiçoamento profissional tanto dos alunos quanto das professoras sobre a temática trans.