O profissional de enfermagem está presente nos processos de cuidado em todas as fases da vida, do nascer ao morrer, sendo vital na implantação e manutenção do Sistema Único de Saúde (SUS). Durante a pandemia da COVID-19 esta profissão ganhou visibilidade especial, contudo, também enfrentou um cenário de negacionismo científico, precarização nas condições de trabalho, falta de preparação técnica e de recursos no SUS. Nesta pesquisa, objetivou-se investigar como profissionais de enfermagem revisitam suas experiências de atuação na pandemia e imaginam seu futuro profissional. Partimos do referencial teórico-metodológico histórico-relacional desenvolvido por Zittoun e colaboradores e da psicodinâmica do trabalho de Dejours. Participaram deste estudo duas profissionais de enfermagem de um hospital de Recife-PE. Foram utilizadas entrevistas semiestruturadas e a produção de uma Cápsula do Tempo, técnica metodológica desenvolvida neste estudo. Como resultados, foram identificados: 1) as participantes trouxeram que, durante a pandemia, houve o medo da própria morte e de ser vetor de contaminação para terceiros, interferindo no autocuidado e nas relações interpessoais; 2) suas imaginações de futuro estiveram relacionadas com projetos de educação continuada, como pós-graduação e estágios; 3) o prazer no trabalho as incentivou a projetar o desenvolvimento profissional na educação, contudo sinalizam desafios enfrentados: cargas horárias excessivas, condições de trabalho insalubres e baixa remuneração. Nesse sentido, apontamos a importância da imaginação na revisitação do passado e na construção do futuro profissional das participantes. Ademais, discutimos que a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, preconizada pelo SUS, ainda encontra barreiras na propiciação do contínuo aprendizado dos profissionais. Por fim, pontuamos a necessidade de políticas públicas que proporcionem melhores condições de acessibilidade na oferta de cursos, espaços dialógicos para fortalecimento da identidade profissional, e iniciativas para reconhecimento político-institucional, viabilizando a concretização da educação permanente que já é presente e desejada no imaginar das profissionais sobre seu futuro.