É na coragem da resposta temida que nasce a vida. Mas a outra. Desta, fica o fazer desfeito em significado vital. Como abrigo, o seguir que de nós despede e assina o desfecho de sina sob a qual estiveram docências e, sim, seus docentes, agora abrigados, já mortos. E nisso, no horror que queremos afastar, está esta proposta de partilha em texto, refletindo a pesquisa voltada aos sujeitos docentes suicidas que nos espaços públicos e privados construíram seu fazer, até que não mais o fizeram. Trata-se de um empreendimento que, tocando esses sujeitos em sua subjetividade e reconhecendo as contribuições advindas materialismo histórico-dialético (Marx, 2003), enseja dialogar com as condições de trabalho que os encerraram e que teriam sido estruturas ao fomento de autoextermínio, reconhecidamente multifatorial. É pesquisa qualitativa que, atenta a um universo quantitativo crescente, pensa as condições de trabalho docente, apoiando-se em bibliografia referencial, sob pesquisa exploratória, de campo, com entrevistas semiestruturadas junto a familiares e colegas de trabalho de professores que se autoexterminaram. E nisso assume a recusa à percepção individualizadora, não raro herética e patologizante do sujeito; a qual, opondo-se ainda ao restrito caráter naturalístico-organicista, em xeque também coloca o silêncio das pesquisas sobre a morte de si (Marquetti, 2013). É metodologia árdua-dor, através da qual o suicídio de professores é compreendido como parte da totalidade, historicizada, sobredeterminando as absolutizações de primeira instância (Berenchtein Netto, 2017; Berenchtein Netto, Carvalho, 2018); uma vez que os determinantes econômicos, sociais, históricos e culturais do autoextermínio postos estão sob prisma histórico-cultural. Enfim, é pesquisa que consigo traz mais uma mirada, talvez menos quista e habitual, dos significados de ser e estar docente no contexto educativo brasileiro; quando a morte, abrigando, oferece a nós desavisados outros abrigos vitais, destes que se pode suportar.