Considerando a dificuldade de interligar as relações étnico-raciais aos conteúdos tradicionais, especialmente entre docentes que não possuem formação nas ciências humanas, pode ser desafiador conectar a temática ao ensino de ciências. Entretanto, a etnobotânica se caracteriza como um ramo da biologia que entrelaça os saberes populares e científicos possibilitando a valorização das contribuições dos diferentes povos e etnias e suas conexões com as plantas. Assim, o presente trabalho propõe uma sequência de aulas com o intuito de aliar os conhecimentos etnobotânicos e as relações étnico-raciais, oferecendo ao professor sugestões que permitem alinhar as duas áreas. Sabendo da relevância de ambas e da carência de materiais didáticos específicos, o objetivo deste trabalho é propor ideias para os docentes utilizarem nas aulas de morfologia vegetal. Dessa maneira, será possível demonstrar aos estudantes a relação entre as estruturas vegetativas e os saberes dos povos indígenas e afro-brasileiros apresentando o potencial alimentar, medicinal e religioso dessas plantas. A sequência de aulas foi planejada de acordo com os Três Momentos Pedagógicos de Delizoicov. O primeiro consistiu na elaboração de perguntas norteadoras para o levantamento dos saberes prévios, caracterizando a problematização inicial. Em seguida, foram indicados recursos visuais, músicas e a execução de uma aula de campo na organização dos conteúdos ministrados. Por fim, para a aplicação do conhecimento foram propostas a realização de debates e criação de um mural de memórias botânicas para fortalecer as relações construídas ao longo do processo formativo e avaliar se a aprendizagem foi significativa para os estudantes. Espera-se que as metodologias e recursos sugeridos possam facilitar e estimular a conexão dos conhecimentos científicos botânicos com os empíricos dos povos tradicionais, a fim de colaborar com a redução do racismo e a valorização dos grupos étnicos que nos constituem.