Ao decorrer da história da humanidade, a velhice tem sido interpretada e representada de variadas formas, uma vez que ela ocupa distintas posições em várias culturas e momentos históricos. Especificamente no desenvolvimento humano, ela é analisada a partir do viés etapista, compreendida e naturalizada através do conceito ultrapassado da Organização Mundial da Saúde (OMS), na qual conceitua o idoso como qualquer pessoa que possua mais de 60 anos. Contudo, a Psicologia Histórico-Cultural apreende o desenvolvimento humano e o sujeito por meio da periodização, obtendo a conjuntura histórica como principal influenciador para a passagem cumulativa desses períodos. Considerando os pressupostos teóricos da Psicologia Histórico-Cultural, realizou-se uma revisão de literatura narrativa com objetivo geral de compreender a velhice a partir da superação da perspectiva biopsicossocial do desenvolvimento humano, promovendo discussão com base no conceito de atividade dominante. Por meio da revisão realizada, evidencia-se a presença dialética da materialidade na existência humana, encontrando o individual e o universal na mesma unidade de sujeito. Sob essa ótica, fruto do sistema capitalista, o trabalho possui papel central na vida do adulto, sendo ele a mudança social da passagem desenvolvimental da adolescência para a vida adulta, e não unicamente fatores naturalizantes, como a idade. Assim como a atividade dominante da vida adulta é o trabalho, o da velhice também. Pela compreensão capitalista da velhice e aposentadoria enquanto período de improdutividade e inutilidade, o idoso atribui um novo sentido ao trabalho, visto que unicamente através dele que se possui identidade e valor. Por fim, conclui-se que a análise do desenvolvimento humano por fatores evolutivos e naturais se mostra hegemônica dentro das Ciências, nessa linha, o sujeito é para além de biopsicossocial, mas sim multideterminado pela dependência das relações materiais de produção, inseridos e ativos em seu processo histórico e cultural.