Um problema comum em investigações científicas é a ocorrência de dados faltantes. Sendo esse volume moderado ou alto pode comprometer seriamente a qualidade e a confiabilidade dos indicadores deles derivados. Nesse sentido, foram desenvolvidos métodos estatísticos para a imputação de dados, cujo problema está muito presente nas Declarações de Óbitos (DO), particularmente da população centenária que é o contingente que mais cresce no Brasil. Seguindo esta tendência, desponta o Semiárido, com estudos ausentes sobre essa abordagem. Traçou-se como objetivo avaliar a completude dos registros de óbitos e imputar os dados faltantes das variáveis sociodemográficas e operacionais das DO dos centenários do Semiárido brasileiro. Para os triênios 2000/02, 2009/11 e 2018/20 foram avaliadas as seguintes variáveis: sexo, idade, raça/cor, situação conjugal, escolaridade, caracterização municipal, local de ocorrência e assistência médica. Foi adotada a imputação múltipla sendo avaliados o mecanismo e o padrão dos dados ausentes a serem imputados. Considerou-se o mecanismo de não-resposta como completamente aleatório e para o padrão como monotônico. Houve uma melhora da completude das variáveis ao longo dos anos para a maioria das variáveis e categorias estudadas. De acordo com os critérios para a imputação de dados as seguintes categorizações de incompletude foram encontradas para as variáveis em ambos os sexos em todo o período: ?5% (sexo, idade, caracterização municipal e local de ocorrência); 5-15% (raça/cor, situação conjugal); ?15% (escolaridade, assistência médica). A assistência médica atingiu >50% inviabilizando a imputação. Sexo, idade e caracterização do município foram praticamente preenchidos. A imputação realizada com as demais variáveis permite a elaboração de avaliações mais assertivas e confiáveis sobre a dinâmica do preenchimento de variáveis da DO, contribuindo para um melhor esclarecimento do processo de envelhecimento no Brasil, em especial nas regiões com maior carência de estudos científicos e acadêmicos.