A Arqueologia do Envelhecimento é um campo interdisciplinar emergente que combina princípios da arqueologia, osteologia e gerontologia para investigar as experiências, impactos sociais, biológicos e culturais do envelhecimento humano ao longo da história. Ao analisarmos a expectativa de vida e a longevidade no passado, tendemos a ter a impressão de que as pessoas não viviam tanto tempo quanto nós. O discurso, muitas vezes proferido, é que um indivíduo com mais de 30 anos era considerado “idoso” nos diversos contextos da Pré-história. Atualmente, uma das maiores dificuldades tem sido identificar indivíduos com idade avançada nos sítios arqueológicos, devido à imprecisão das técnicas osteológicas de idade. Como resultado, o número de indivíduos com idade avançada é reduzido em comparação com outras categorias etárias. O objetivo desta pesquisa é apresentar uma análise do envelhecimento através de estudos descritivos e longitudinais sobre os remanescentes humanos do Sítio Arqueológico Furna do Estrago (PE), datado de 2.000 anos, que apresentava 4 indivíduos envelhecidos (4,81%), dentre 83 remanescentes exumados. O universo amostral considerou os 43 indivíduos adultos que passaram por revisão do perfil biológico com a aplicação das técnicas de idade à morte e com o uso de biomarcadores esqueléticos (fisiológicos e degenerativos), também com o cruzamento de dados biológicos (sexo e idade) com dados culturais (acompanhamentos funerários e disposição funerária) mediante análises estatísticas. O estudo indicou que o uso de biomarcadores esqueléticos auxiliou consideravelmente para a identificação de indivíduos envelhecidos, representando agora 13,25% da população. Os indivíduos apresentaram alterações degenerativas sugestivos de osteoartrite e remodelações esqueléticas condizentes com a idade avançada. No que tange os aspectos culturais, foi percebido uma predileção espacial pelos locais de sepultamento situados no fundo do cemitério, uma homogeneidade de envelhecimento por sexo biológico e sinais de cuidados com os indivíduos mais velhos.